A British Airways vai suspender os seus voos entre Londres Heathrow e Luanda a partir de Junho, por não serem comercialmente viáveis, o que deixa o Reino Unido sem voos directos para a capital de Angola.
Os voos, operados duas vezes por semana, deixam de ser realizados depois de 7 de Junho para Angola e de 9 de Junho para Heathrow.
“Os voos não são comercialmente viáveis”, diz a transportadora numa declaração enviada à agência Lusa.
Os clientes com voos reservados para Luanda após 7 de Junho e com voos para Londres após 9 de Junho serão reembolsados ou, em alternativa, podem antecipar a viagem para finais de Maio ou início de Junho.
Angola enfrenta desde finais de 2014 uma profunda crise financeira e económica decorrente da quebra das receitas com a exportação de petróleo. A situação levou igualmente à saída de milhares de trabalhadores estrangeiros e tem limitado o acesso a divisas.
A falta de passageiros tinha já levado a transportadora espanhola Iberia a suspender, em Junho de 2016, as três ligações aéreas semanais entre Luanda e Madrid.
Algumas companhias, nomeadamente a portuguesa TAP, já tinham restringido o pagamento em moeda nacional angolana (kwanza) a viagens apenas com origem em Luanda, devido à falta de divisas para repatriar os dividendos.
A companhia portuguesa reduziu em 2016 as ligações aéreas para Luanda de dez para oito frequências semanais.
A Emirates reduziu igualmente, em 2017, as ligações aéreas directas para Luanda, queixando-se de dividendos, provenientes da venda de bilhetes, por repatriar em Angola.
A dívida de Angola para as companhias áreas estrangeiras estava avaliada no início deste ano em 540 milhões de dólares (460 milhões de euros), disse em Janeiro o presidente do Conselho de Administração da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), Alexandre Juniac, considerando a situação preocupante.
Falando aos jornalistas em Luanda, à margem da conferência internacional sobre aviação civil, o responsável considerou ainda crítica a situação dos bloqueios impostos para as transportadoras repatriarem os seus rendimentos, alertando que a situação pode impedir companhias de voar para Angola.
"Porque se não estiver a pagar é claro que não vai aumentar novas rotas e frequências para Angola, daí ser um problema que deve ser resolvido", observou.
O presidente da IATA explicou ainda que a questão dos recursos bloqueados não se regista apenas em Angola, mas em mais oito países africanos, argumentando que apesar de estes países estarem a viver grande problemas económicos a "saída não é bloquear recursos".
"É do interesse de todos garantir o pagamento adequado das companhias áreas, a taxas de câmbio justas e no valor total", explicou.
De acordo com Alexandre Juniac, em face desta dívida, a IATA elaborou um plano de 12 meses já apresentado ao Governo angolano, com o intuito de se desbloquear a situação.